Mais previsões: Tempo em Rio de Janeiro
Pesquisar
Close this search box.

Sonora Brasil Sesc apresenta música dos povos indígenas em espaços da SEC

Teatro da Instalação, Teatro Amazonas e Liceu Claudio Santoro de Parintins recebem programação da 22ª edição do evento

O projeto de circulação musical Sonora Brasil Sesc chega em Manaus e Parintins a partir do dia 9 de agosto, com programação nos espaços da Secretaria de Estado de Cultura (SEC). Em sua 22ª edição, o Sonora traz o tema “A Música dos Povos Originários do Brasil”, com apresentações gratuitas de grupos de povos indígenas de diversas regiões do país.

Confira a programação, que será realizada no Teatro da Instalação e Teatro Amazonas, em Manaus, e no Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, em Parintins:

Grupo Dzubucuá e grupo Memória Fulni-ô

Nesta sexta-feira (09/08), às 19h, no Teatro da Instalação, e no domingo (11/08), no Liceu Claudio Santoro em Parintins (Sala Multiuso, 5º andar), também às 19h, serão realizadas as apresentações dos grupos Dzubucuá, do povo Kariri-Xocó, e Memória Fulni-ô, do povo Fulni-ô.

Os Kariri-Xocó vivem na região do Baixo São Francisco, em Alagoas e, em 2010, somavam cerca de 2 mil indivíduos. A música tradicional dos Kariri-Xocó, o toré, é um ritual indígena mágico-espiritual, que envolve performance corporal e música. Os torés tradicionais não têm letras e utilizam os buzos (uma espécie de flauta), maracás de mão e de tornozelos.

No repertório, além dos torés, estão os rojões, que já fazem parte da tradição musical deste povo e são um reflexo do trabalho nas fazendas e da dinâmica de trocas culturais ocorridas na região. As letras cantadas em português possibilitam conhecer um pouco da história do povo, falando do cotidiano dos indígenas nas colheitas, ou trazendo sincretismos religiosos e remetendo ao tempo da colonização quando eram obrigados a praticar suas tradições secretamente.

As músicas tradicionais do povo Fulni-ô são o toré e a cafurna. As cafurnas, em yaathe unakesa, são manifestações de sentido múltiplo, pois se referem à dança, à música, aos modos de cantar, à profecia, ao estilo e tradição e à estética. São cantadas e acompanhadas de maracás de mão e de tornozelo e retratam a realidade e o contexto indígena, tratando de temas que abrangem aspectos como preservação da natureza, reverência aos animais da região e identidade indígena.

Grupo Wagôh Pakob e grupo Byjyyty Osop Aky

No palco do Teatro da Instalação, neste sábado (10/08), às 19h, e no Liceu de Parintins, no dia 12 de agosto, às 19h, o projeto Sonora Brasil reúne os grupos Wagôh Pakob, do povo Paiter Surui, e Byjyyty Osop Aky, do povo Karitiana.

Constituído por uma população de aproximadamente 1,5 mil pessoas, o povo Paiter Surui vive em Rondônia, na terra indígena Sete de Setembro, dividindo-se em 27 aldeias. Os Paiter Surui são conhecidos como um povo cantor, que também tem o costume de contar histórias. Além das canções tradicionais relacionadas aos rituais, que relatam narrativas míticas e relembram momentos da história dos Paiter, e também têm canções atribuídas à criação individual, que são cantadas somente por seus criadores. O povo utiliza michãngab (maracas de tornozelo) e o wãab (flautas).

A música tradicional do povo Karitiana, também situado em Rondônia, é fortemente relacionada ao sagrado. Os anciãos são enfáticos nas orientações sobre a execução dos cânticos, que falam de proteção e da aplicação de remédios pelo pajé, e devem ser cantados sempre da mesma forma e sem os instrumentos de sopro.

A sua festa mais tradicional é o ritual da chicha, bebida feita exclusivamente pelas mulheres, a partir de milho ou mandioca fermentada. A chicha serve para a limpeza do organismo e, durante a festa, as mulheres tocam o pilão e os homens dançam e tocam o jewy, espécie de clarinete feito de taquaruçu e o marará.

Grupo Wiyae

O grupo Wiyae, que significa canto na língua Tikuna, foi criado especialmente para o projeto Sonora Brasil e se apresenta no Teatro Amazonas, no dia 12 de agosto, às 20h, e no Liceu de Parintins, no dia 14 de agosto, às 19h.

É formado pela cantora Djuena Tikuna (nascida em Umariaçu, nas “fronteiras” do Brasil, Peru e Colômbia); Magda Pucci, cantora, educadora musical e pesquisadora das músicas de vários povos há 23 anos, e também diretora musical do Mawaca, grupo de São Paulo que recria músicas de diferentes tradições do mundo; Diego Janatã, maranhense que tem viajado por diversas comunidades indígenas, por todo o Brasil, pesquisando e registrando a musicalidade dos povos das florestas e também das comunidades quilombolas e tradicionais do Maranhão; e Gabriel Levy, arranjador, compositor, educador e produtor musical, acordeonista do Mawaca.

No repertório, além de músicas do povo Tikuna, estão composições próprias e músicas de outros povos indígenas recolhidos em pesquisas, que serão apresentadas a partir de recriações e arranjos artísticos.

Grupo Teko Guarani e Nóg Gã

No dia 13 de agosto, no Liceu de Parintins, às 19h, apresentam-se os grupos Teko Guarani, do Povo Mbyá-Guarani, e Nóg Gã do povo Kaingang.

O grupo Teko Guarani está localizado na Aldeia Tekoa Anhetenguá, na Lomba do Pinheiro em Porto Alegre, onde vivem 16 famílias Mbyá-Guarani. É um coral infantojuvenil que tem por característica a força e o brilho vocal. O grupo utiliza o mbaraká (violão) com cinco cordas. Cada corda representa uma divindade Mbyá: Tupã, Kuaray, Karaí, Jakairá e Tupã Mirim. O ravé (violino/rabeca) possui três cordas e, segundo alguns relatos, é um instrumento de invenção indígena, posteriormente aperfeiçoado pelos juruá (não indígenas).

O mbaraká miri (chocalho) e o angu’á pú (tambor) têm funções primordiais na sustentação do andamento e ritmo musicais, além da importância no estabelecimento da conexão com as divindades.

O grupo Nóg Gã é composto por indígenas de diversas aldeias Kaingang da região de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A população é composta atualmente por, aproximadamente, 30 mil pessoas que vivem em cerca de 30 diferentes áreas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Durante a apresentação realizada no Sonora Brasil, os Kaingangs utilizarão as lanças de guerra como instrumento percussivo. Em contato ao chão, realizam simbolicamente uma demarcação e embasam ritmicamente as marcas coreográficas.

Sonora Brasil – Considerado o maior projeto de circulação musical do país, o Sonora Brasil realiza aproximadamente 450 concertos por ano, passando por mais de 100 cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. O projeto tem como objetivo difundir a diversidade da música brasileira a partir de recortes temáticos que abordam aspectos de seu desenvolvimento, com especial atenção à música de concerto e à música de tradição.

RELACIONADOS