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Maternidade Balbina Mestrinho ganha o primeiro centro de parto normal com banheira do estado

Parto na água, sala de parto multicultural dedicado a mulheres indígenas e quilombolas estão entre as novidades do Centro de Parto Normal

O governador do Estado, Wilson Lima, participou, nesta segunda-feira (24/06), da reinauguração do Centro de Parto Normal Intra-hospitalar (CPNI) da Maternidade Balbina Mestrinho, unidade pertencente à Rede Estadual de Saúde, localizada na rua Duque de Caxias, 1.142, bairro Praça 14. O espaço, que passou por uma ampliação, foi todo pensado para estimular as gestantes a optarem pelo parto com o mínimo de intervenção possível.

Entre as novidades da reformulação do CPNI da Balbina Mestrinho estão as suítes com banheira com água aquecida para as grávidas que optarem por dar à luz na água e uma sala de parto preparada para receber indígenas, quilombolas e estrangeiras, de modo a respeitar as culturas e costumes tradicionais.

“Há algum tempo nós já estamos acompanhando a construção desse espaço. É um parto humanizado, em que a mulher tem a opção de escolher como é que ela vai passar esse momento tão importante da sua vida, com o acompanhamento de um grupo treinado para isso, além da ajuda do pai. Isso, sim, é respeito à primeira infância e à mulher”, afirmou o governador.

De acordo com Wilson Lima, o Governo do Estado tem realizado um trabalho de reestruturação do sistema de saúde do Amazonas, levando em consideração principalmente o atendimento humanizado aos pacientes. “A minha determinação para a Secretaria de Saúde é que atendam o cidadão como ele tem que ser atendido: com respeito”, destacou.

O governador também explicou que os investimentos não se restringem somente à capital, mas também abrangem o interior do estado, inclusive, o município de Tefé (distante 522 quilômetros) será o próximo a receber uma estrutura de parto humanizado como a inaugurada na Maternidade Balbina Mestrinho.

“A nossa ideia é estender isso para todas as maternidades do Estado do Amazonas”, garantiu Wilson Lima. Acompanhado da primeira-dama, Taiana Lima, escolhida como madrinha do novo CPNI, o governador fez questão de visitar a primeira mãe atendida no novo espaço, em parto realizado no último sábado (22/06).

“Há uma diferença enorme, devido ao acompanhamento das enfermeiras que temos ali, do nosso lado, nos ajudando todo momento, dando palavra de conforto no momento difícil. Isso faz com que a dor se alivie nesse momento do parto. Sendo na banheira, com água quente, fez toda a diferença, foi muito bom mesmo”, afirmou Nancy da Costa, mãe do pequeno Raphael Levi, que nasceu com 3,380 kg e 50 cm.

Nancy destacou a importância da presença do esposo no momento do parto. “Fiquei muito satisfeito, feliz, espero futuramente voltar para o parto de outros filhos”, brincou o pai, Raphael Tinoco.

“Está entrando no nosso Plano Estadual de Saúde a ideia de humanizar as nossas maternidades. Isso passa por uma reforma de infraestrutura que também, logicamente, vai oferecer esse serviço à população. Não esquecendo de todo um processo de qualificação do nosso pessoal”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias.

O secretário destacou que o novo CPNI é um projeto que chega no momento em que o Governo do Amazonas busca fortalecer o conceito de humanização dos serviços na saúde, e a área materno-infantil simboliza bem essa fase. “O centro atende às necessidades das mães amazonenses, no sentido de oferecer o ambiente favorável à produção da vida, ao nascimento dos nossos amazonenses com qualidade, oferecendo uma equipe multidisciplinar preparada para esse momento tão sensível que é a vida de um ser humano. A Secretaria de Saúde está sempre muito atenta a essa questão: oferecer serviço humanizado de qualidade para a população”, reforçou Rodrigo Tobias.

A reestruturação do CPNI da Balbina Mestrinho teve investimento de R$ 335.358,20, recursos do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza (FPS), órgão do Governo do Estado que destina seus recursos para projetos que desenvolvam ações relacionadas às metas prioritárias do Governo.

Segundo a secretária executiva administrativa do FPS, Kathelen Santos, ações que promovam a qualidade de vida e contribuam para o fortalecimento das políticas públicas para mulheres no Amazonas tem atenção especial para a atual gestão do Estado.

“O Fundo de Promoção Social tem como principal objetivo apoiar projetos que promovam a qualidade de vida da população amazonense, e este CPNI representa essa melhoria em nosso estado. Para o governador Wilson Lima, políticas públicas voltadas às mulheres são prioridades nesse governo”.

Multicultural – A sala de parto multicultural, também chamada de suíte universal, terá protocolo diferenciado para inclusão étnico cultural de mulheres indígenas, quilombolas, estrangeiras e também para surdas que derem à luz na maternidade.

“Nós precisávamos efetivamente ter ações que aumentassem as opções para que a mulher pudesse escolher fazer o parto normal, e ainda escolher a melhor condição para isso. Conseguimos ampliar o Centro de Parto Normal de duas para quatro suítes. Com isso a gente consegue aumentar a demanda, que é a nossa meta para o Ministério da Saúde, que hoje está em 48%. Temos a chance de aumentar para 80% o número de partos normais realizados na Maternidade Balbina Mestrinho”, afirmou a diretora da unidade, Rafaela Faria.

O quarto conta com uma antessala para acompanhantes, com espaço para cerimônias e rituais religiosos, decorada com temas amazônicos. É a maior do complexo, com 30 metros quadrados. A equipe recebeu treinamento para lidar com parturientes de culturas e necessidades diferenciadas, como indígenas, quilombolas, estrangeiras e surdas.

Os profissionais estão sendo capacitados para atender em língua espanhola, Língua Brasileira de Sinais (Libras), além de contar com a tradução do Juramento ao Corte do Cordão Umbilical em Português, Espanhol e Tukano, que é a língua falada pelo maior número de parturientes indígenas atendidas na maternidade.

Protagonismo – Em média, 460 crianças nascem, por mês, na Balbina Mestrinho, a segunda maior maternidade do estado e também a mais antiga. O parto normal é indicado apenas às mulheres que fizeram pré-natal e não apresentam riscos para elas e o bebê. A avaliação é feita no processo de admissão e, caso não haja impedimento, a mulher pode escolher a forma que achar mais confortável de dar à luz.

“A ideia é tornar a mãe e o pai os protagonistas no nascimento da criança”, afirma a diretora da maternidade, Rafaela Faria.

O novo Centro de Parto Normal Intra-hospitalar foi ampliado de duas para quatro suítes de até 30 metros quadrados, duas delas com banheira para nascimento na água e todas equipadas com métodos de alívio não farmacológico da dor – equipamentos para exercícios que ajudam na dilatação para estimular o parto normal.

As banheiras possuem água aquecida, que proporciona relaxamento e ajuda amenizar as dores das contrações. Todas as suítes possuem cama padrão PPP (Pré-Parto, Parto e Pós-Parto), além de chuveiro aquecido.

A secretária executiva da Capital da Susam, Dayana Mejia de Souza, destaca que o novo Centro de Parto Normal foi projetado com todo o cuidado para oferecer qualidade e segurança à paciente em um dos momentos mais importantes de sua vida: o nascimento de um filho. A equipe multiprofissional é composta por enfermeiros obstétricos, técnicos de enfermagem, além de equipe de retaguarda formada por médicos obstetras neonatologistas, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais.

“A expectativa é dobrarmos o número de partos no centro de parto normal que também dobrou o número de leitos”, afirma a secretária.

De acordo com o gerente de maternidade da Susam, Lindinaldo Santos, todas as maternidades da rede estadual seguem protocolos de boas práticas no nascimento, preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS) no parto humanizado, dentre as quais o direito da mulher escolher a posição em que deseja parir, em caso de parto normal, e um acompanhante.

“Exercícios, massagens de relaxamento, aromaterapia e o próprio parto na água auxiliam na redução da dor e numa experiência de parto humanizado”, ressaltou o gerente.

Cada sala de parto conta com uma decoração diferenciada e especial, segundo explicou a gerente administrativa da maternidade, Gisele Vieira. Com temas que vão do provençal ao amazônico, a ideia é acolher a mãe e a família, durante o processo da parturiente.

Banheira de três lugares, banco de parto, berço aquecido, massageador, berço ergonômico, escada de ling, televisão, poltrona para acompanhante, bola de Bobath, estão entre os itens. “Traz a possibilidade, inclusive, do pai acompanhar o parto na água, se o casal desejar”, acrescentou Gisele.

Incentivo ao parto normal – A implantação de centros de parto normal em maternidades do Estado segue as diretrizes da Política Nacional de Humanização preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). É embasada na Portaria nº 11/2015, que redefine as diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto Normal (CPN), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para o atendimento à mulher e ao recém-nascido, no momento do parto e do nascimento, em conformidade com o Componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha, considerando o direito das mulheres a ambientes de cuidados que favoreçam a realização das boas práticas de atenção ao parto e a nascimento.

O MS preconiza que somente 15% dos partos sejam realizados por cirurgia cesariana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a prioridade para o parto normal, por oferecer menos riscos à saúde da mulher e do bebê.

No Amazonas, o número de partos normais ainda está muito aquém do que estabelece o MS. No ano passado, 39,3% dos nascimentos foi por intervenção cirúrgica, contra 69,7% de partos normais. De 76.755 partos realizados no estado, 46.694 foram normais e 30.251 cesarianas.

Conforme os dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), de janeiro a março de 2018, 39,2% (7.263) dos partos foram cirúrgicos, contra 40,5% (7.415) no mesmo período este ano. Já os partos normais representaram 60,8% do total de partos ou 11.261 nascimentos no primeiro trimestre 2018 – enquanto que, no mesmo período neste ano, 10.877 partos normais compreendem 59,5% do acumulado de nascimentos.

A coordenadora estadual da Rede Cegonha, Luena Xerez, chama atenção para a necessidade de se incentivar o parto normal entre as mulheres. Segundo ela, a dor do parto, que é natural, faz com que muitas mulheres tenham a preferência pela cesariana, muitas vezes porque não fizeram o pré-natal e não receberam orientação sobre os benefícios do parto normal e os riscos da cesariana. Para a coordenadora, a cesariana é exceção, um recurso para casos especiais em que a mulher não pode parir pela via normal.

“Pela distorção e profusão de orientações, a mulher tem dificuldade de compreender que a dor do parto faz parte do processo e que o parto normal é mais saudável para ela e o bebê. Além disso, para algumas mulheres, o trabalho de parto pode demorar mais de 48 horas. Essa mulher, quando não bem orientada, chega à maternidade convencida de que o melhor para ela é a cesariana, quando o protocolo normal é deixar que a natureza faça o seu trabalho. É preciso fortalecer e incentivar o parto normal, assim se reduzem os conflitos dentro das maternidades”, defende Luena.

Benefícios do parto normal

Para a gestante:

• Oferece menos risco que na cirurgia, diminui a chance de infecção e efeitos colaterais do anestésico e dos medicamentos utilizados na cesariana.

• A mulher tem liberdade para escolher qual posição fica mais confortável para ela, pode inclusive caminhar, com auxílio do(a) acompanhante escolhido por ela, durante o trabalho de parto, o que pode aliviar a dor e antecipar o nascimento.

• Não requer suspensão da alimentação da mulher antes do parto.

• Melhor adaptação ao pós-parto, menor tempo de internação e recuperação mais rápida. Diferentemente da cesárea, no parto normal, a mulher não terá nenhuma ferida pós-operatória, nem sentirá dor decorrente de cirurgia, ou dificuldade para se movimentar, até mesmo para cuidar do bebê.

Para o bebê:

• Menor risco de doenças respiratórias e de broncoaspiração, que é a passagem das secreções do parto para o pulmão do bebê.

• Menos intervenções feitas junto ao bebê, como por exemplo, aspiração com sonda, da boca, nariz e traqueia, e também diminuição dos riscos relacionados a cirurgias.

• No parto normal, a amamentação pode acontecer logo após o nascimento. O leite materno, nesses casos, não sofre as ações dos agentes anestésicos e dos medicamentos utilizados no pós-operatório da mãe. Outro benefício da amamentação é que ela auxilia no fornecimento de anticorpos e hidratação, proporcionando menores riscos de hipoglicemia, diarreias e desidratação ao bebê.

Critérios para que mulheres possam ter partos no CPNI

• Gestação única

• Idade Gestacional a termo (37 semanas a 41 semanas e 6 dias)

• Apresentação Cefálica

• Com exames de HIV, VDRL, Hepatite B com resultados negativos

• Ausência de doenças cardíacas, hipertensão, colagenoses (doenças como lúpus e esclerodermias) hemoglobinopatias (doença como anemia falciforme), diabetes, endocrinopatias (doença como diabetes na gravidez ou antes da gravidez e as doenças da tireóide), HIV positivo, doenças imunossupressoras (que afetam a imunidade, deixando-a baixa)

• Ausência de doenças que possam colocar em risco a saúde materna ou fetal e/ou ainda requerer cuidados especiais (Infecções Sexualmente Transmissíveis, Toxoplasmose Gestacional e outros)

• Cesárea anterior pelo menos dois anos antes

• Bebê com peso maior que 4 quilos.

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