Mudança na estrutura do Estado seguirá modelo de governança inspirado em práticas de gestão da iniciativa privada
O governador Wilson Lima recebeu, nesta quinta-feira (04/07), o empresário do setor de siderurgia, Jorge Gerdau, presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo (MBC), que veio a Manaus falar sobre experiências de gestão privada aplicadas ao setor público, em palestra realizada no auditório da sede do Governo, na zona oeste de Manaus. Na ocasião, o governador também falou sobre a construção da reforma administrativa estadual, que vai adotar modelo de governança voltado a resultados, inclusive com metas a serem cumpridas pelo secretariado.
“O MBC tem trabalhado conosco nas soluções de gestão para o Estado do Amazonas, e o doutor Jorge Gerdau traz uma experiência grande nesse sentido, para que haja o entendimento de todas as pessoas que fazem parte do Governo do Amazonas, do avanço que precisamos dar na administração pública, no sentido de modernizar a máquina e torná-la cada vez mais eficiente”, destacou Wilson Lima, ao ressaltar que a reforma administrativa estadual está sendo construída também a partir de conversas com representantes da sociedade civil organizada, incluindo lideranças empresariais, e com o Legislativo.
Na elaboração da reforma administrativa, o governador também ressaltou que o trabalho, com a consultoria do MBC, está sendo feito alinhado à definição do Plano Plurianual (PPA) 2020-2023, que inclui o diálogo com representantes dos municípios do interior do estado. “Também já estamos construindo com o MBC um plano de longo prazo, em um cenário para 2030, para servir de base para as novas gerações”, adiantou.
Com a reforma, detalhou Wilson Lima, estão sendo estabelecidos modelos de governança internos, que deverão ser seguidos por todos os gestores e demais servidores, e de governança externa, para aprimorar a interlocução com a sociedade e os poderes Legislativo e Judiciário. Internamente, explicou, serão estabelecidas metas a serem cumpridas pelo secretariado para melhorar a eficiência nos serviços prestados pelo Governo.
“É por isso que nós estamos estabelecendo alguns modelos de governança, incluindo todos os secretários, e discutindo todo mundo junto, e inclusive com a sociedade civil organizada, criando alguns instrumentos como, por exemplo, o Termo de Acordo de Resultado, em que o secretário vai assumir o compromisso de apresentar um resultado em um determinado tempo, para que a gente possa ter controle de para onde estamos caminhando e o quanto ainda falta avançar para atingir o nosso objetivo”, frisou o governador.
Participaram da palestra na sede do Governo, todos os secretários da administração estadual direta e indireta, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Josué Neto, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, e o presidente da Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomércio), Aderson Frota, entre outros empresários convidados.
Gestão – De acordo com Jorge Gerdau, a melhoria de resultados no setor público, tanto nos serviços prestados à população quanto na condução de um ambiente favorável ao setor produtivo e ao crescimento econômico, está relacionada à adoção de conceitos e práticas de gestão muito comuns na iniciativa privada.
Entre estas práticas, o executivo destacou o estabelecimento de sistemas de governança que considerem a análise de cenários; a definição de objetivos e metas, que precisam ser executadas alinhadas com o modelo de governança; e a adoção de metodologias de monitoramento de resultados, para avaliar se a condução das políticas públicas está, de fato, gerando resultados eficientes.
“O setor privado tem uma vivência e experiência dos problemas de gestão e entende que a eficiência do governo é uma peça-chave para que o empresariado possa produzir, crescer e se desenvolver. Então, na realidade, essa aproximação (entre setores público e privado), de trabalharmos objetivos comuns, no aspecto do desenvolvimento econômico e social, só aumenta com o entendimento de que, com esforços comuns, vamos alcançar esse desenvolvimento. Um bom governo é decisivo na vida empresarial”, afirmou Gerdau.
Educação – Entre as práticas defendidas pelo executivo do grupo Gerdau, está a de melhora na gestão de recursos humanos, o que implica em investir em capacitação, treinamento e uma política de motivação baseada na meritocracia, a exemplo do que acontece na iniciativa privada, em que são estabelecidas metas e recompensas por resultados alcançados.
Jorge Gerdau destacou, ainda, ser fundamental que o setor público invista com prioridade na educação, que será, segundo ele, a única forma de fazer com que o Brasil alcance níveis internacionais de competitividade e cresça economicamente, com impacto no desenvolvimento social.
“Eu aprendi na minha vida prática que o mínimo de educação é decisivo tanto sob o aspecto social quanto no aspecto econômico. Então, a melhoria da qualidade da educação básica, no meu entender, é o ponto mais delicado hoje que a sociedade brasileira como um todo tem. Porque a evolução da educação fundamental está em um processo muito lento. Nós temos, ainda, um alto índice de analfabetismo funcional. Então, enquanto nós não resolvermos esse problema, nós estabelecemos um alto limite de crescimento e desenvolvimento social. Então, por isso que é tão importante a gente falar e analisar e ver quais são as soluções gerenciais e pragmáticas para que esse problema, o analfabetismo funcional, possa ser zerado”.
Zona Franca de Manaus – Jorge Gerdau afirmou que tem mantido diálogos com a equipe econômica do Governo Federal para construção de um novo desenho de política fiscal que contribua para o desenvolvimento do setor produtivo. Para ele, a reforma tributária terá que considerar o polo industrial estabelecido na Zona Franca de Manaus (ZFM).
“Realmente existe uma responsabilidade enorme, né? Porque é um projeto que tomou dimensões fantásticas, a Zona Franca. E dentro dessas evoluções que estão pela frente do sistema tributário, isso é um tema que o Brasil está atrasado na reformulação, nós temos que achar um caminho de como atender esse projeto da Zona Franca de Manaus, porque é um trabalho grande e muito bem feito. Então, tem que se achar os caminhos, achar o equilíbrio para que se possa fazer uma evolução do sistema tributário, mas também reconhecer que a Zona Franca de Manaus é um ativo que o país tem e que tem que ser conduzido de uma forma harmônica”, afirmou.