A Prefeitura de Manaus deu início à campanha nacional de multivacinação neste sábado, 13/5, mobilizando a população nas áreas urbana, indígena e ribeirinha da capital. A campanha tem como foco crianças e adolescentes de 0 a 14 anos que estão com doses do calendário básico de imunização em atraso. O objetivo é elevar a cobertura vacinal deste público contra doenças que podem ser prevenidas por vacinas e evitar a reintrodução de doenças já controladas ou erradicadas no país.
A campanha segue, no município, até o próximo dia 25, em 171 salas de vacina da rede de Atenção Básica, onde estão disponíveis todas as vacinas do calendário básico e também os imunizantes contra Covid-19 e Influenza. As unidades funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, sendo que nove unidades de horário estendido atendem até as 20 horas e também aos sábados, das 8h às 12h.
A titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa Manaus), Shádia Fraxe, que acompanhou o primeiro dia de mobilização na Unidade de Saúde da Família (USF) José Rayol dos Santos, na zona Centro-Sul de Manaus e também no Parque das Tribos, na zona Oeste, pediu a colaboração das famílias para aumentar o nível de proteção de crianças e adolescentes contra as doenças imunopreveníveis.
“Oferecemos as vacinas do calendário básico na rotina, no entanto, precisamos intensificar esse trabalho no atual cenário de risco e só vamos ter êxito se houver a participação efetiva dos pais e responsáveis”, alerta a secretária.
Shádia Fraxe pede que as crianças sejam levadas, dentro das duas próximas semanas, à UBS mais próxima para que as equipes de saúde verifiquem a caderneta de vacinação e apliquem as doses em atraso. A recomendação vale especialmente para as menores de 1 ano, já que metade das vacinas do calendário infantil começam a ser aplicadas nos primeiros 12 meses de vida.
Para receber as vacinas é importante levar documento de identificação, CPF ou Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS) e a caderneta de vacinação. Os endereços e horários de funcionamento das salas de vacina da rede municipal podem ser conferidos no site da Semsa (semsa.manaus.am.gov.br) ou diretamente pelo link bit.ly/salasdevacinamanaus. Para as crianças que não tomaram a vacina BCG na maternidade, logo após o nascimento, a Semsa mantém unidades de referência que podem ser acessadas por meio link bit.ly/salasBCGManaus.
A secretária informa que, além da vacinação nas unidades de saúde, a Semsa vai realizar busca ativa de crianças com atraso vacinal, com visitas dos agentes comunitários de saúde casa a casa, em especial, nas áreas mais remotas do município. A ação vai contar com o suporte de informação georreferenciada, para localizar com mais precisão o público-alvo.
De acordo com estimativa do IBGE (2021), a população de 0 a 14 anos residente em Manaus é de 551.268 crianças e adolescentes, sendo que 34.592 são menores de 1 ano.
A gerente de Imunização da Semsa, Isabel Hernandes, lembra que a meta de cobertura vacinal preconizada para todas as 18 vacinas do calendário básico nacional é de 95%, e que atualmente, em Manaus, apenas a BCG alcança a cobertura ideal. “Todas as demais, a exemplo do que ocorre no restante do país, estão abaixo do mínimo esperado”, atesta.
Mobilização nacional
A mobilização na capital amazonense integra os esforços do Ministério da Saúde, governo do Amazonas e Prefeitura de Manaus para elevação da cobertura vacinal em todos os municípios brasileiros. As três esferas, com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, abriram oficialmente a Campanha de Multivacinação, neste sábado, no Centro Educacional Garcitylzo do Lago e Silva, na zona Oeste.
O diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, enfatizou, durante a solenidade, que a campanha realizada, neste momento, em Manaus e nos demais municípios do Estado, a partir da próxima segunda-feira, será feita em todo o Brasil. Ele reafirmou que o Amazonas, seguido do Acre, que deve abrir a campanha ainda neste mês, foram considerados prioritários para a campanha porque fazem fronteira com o Peru, onde um caso de poliomielite foi confirmado recentemente.
Eder lembrou que o PNI completa 50 anos em 2023 e que, por meio do Programa, o Brasil conseguiu eliminar várias doenças, dentre elas a paralisia infantil, com o registro do último caso há 34 anos, em 1989. “Nós não temos mais casos de sarampo, não temos mais difteria circulando livremente, os casos de meningite caíram muito. Nós temos vacinação contra o HPV, que protege contra o câncer do colo do útero. Agora as coberturas estão baixas e, para reverter isso, precisamos do esforço de todos, governo federal, estados, municípios e de toda a população”.
Lely Guzmán, assessora de Imunização da Opas, disse que o Estado e os municípios amazonenses foram os primeiros a acolher o desafio de revigorar o PNI e que todos os 5.570 municípios do país devem seguir o mesmo caminho. Lely destacou que vacinação, água potável e aleitamento materno são três estratégias de vida e que o Ministério da Saúde brasileiro tem o maior e mais amplo calendário de vacinas do mundo, com vacinas de qualidade, oferecidas gratuitamente pelo SUS. “As coberturas vacinais têm baixado muito e os jovens, pais, professores, cuidadores são parte importante nesse processo de elevação das coberturas”.
A secretária Shádia Fraxe observa que Manaus está atenta não apenas à poliomielite, mas também a dois casos de febre amarela recente – um na fronteira do Brasil com a Colômbia e outro em Maraã, município do interior do Amazonas -, a casos de difteria registrados na Venezuela e ao alerta de sarampo emitido para as Américas pela Opas. “O cenário é preocupante e vamos trabalhar firmemente para evitar o retorno dessas doenças”.
Ribeirinhos
Além de acompanhar a vacinação em uma UBS da zona urbana e no Parque das Tribos, onde residem mais de 180 mil indígenas de mais de 30 etnias, as equipes técnicas e de gestão da Semsa também mobilizaram a comunidade Nossa Senhora de Fátima, às margens do rio Negro, para a multivacinação.
Acompanhados do diretor do PNI, Eder Gatti, os subsecretários municipais de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, e de Gestão Administrativa e Planejamento, Nagib Salem, visitaram a comunidade na tarde deste sábado, onde acompanharam a vacinação de crianças e adolescentes moradores da localidade.
Djalma Coelho disse que a campanha em todas as regiões da cidade representa uma oportunidade de alavancar a cobertura vacinal. “Com o apoio técnico e financeiro do Ministério da Saúde, ações como essa que estamos realizando aqui na comunidade Nossa Senhora de Fátima, poderão ser intensificadas e esperamos ter excelentes resultados”. O subsecretário disse que fez questão de levar a equipe do Ministério à área ribeirinha para mostrar, em um cenário real, as dificuldades para vacinar na região amazônica. “Dá mais trabalho e gasta-se mais”, ressaltou, informando que espera deste modo sensibilizar as autoridades de saúde nacionais para o apoio às necessidades peculiares da vacinação na área rural de Manaus.
O gerente do Distrito Rural de Saúde, Rubens Souza, explicou que a comunidade é atendida pelas equipes da Semsa, com forte atuação dos agentes comunitários de saúde, e que a mobilização para a multivacinação está contando com o apoio dos líderes da comunidade, pais, professores e gestores da saúde e da educação.