Os transplantes renais no Amazonas devem iniciar a partir de julho. A previsão foi dada nesta sexta-feira (22/03) pela secretária executiva da pasta, Vanessa Nascimento, durante o 1º Simpósio de Doença Renal do Amazonas, realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
No evento, realizado no auditório da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (ESA/UEA), Vanessa Nascimento informou que as cirurgias serão realizadas no Hospital e Pronto-Socorro da Zona Norte (Delphina Aziz). “O HPS da Zona Norte já foi reconhecido pela Coordenação Nacional de Transplante para fazer o transplante renal. Nós já demos início em toda a documentação necessária bem como já estamos em andamento com as negociações”.
Atualmente, o único estabelecimento credenciado para transplantes no Amazonas é o Hospital Santa Júlia, porém o Estado não possui mais contrato, o que faz com que os pacientes entrem na fila nacional e façam o transplante pelo programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
A coordenadora da Central de Transplantes do Amazonas, Leny Passos, destacou que o processo para a realização de transplantes será realizado por meio de tutoria em que as tratativas estão ocorrendo com o Hospital Israelita Albert Einstein. “Queremos que a equipe (do HPS Zona Norte) faça o transplante, uma vez que a tutoria é temporária”, enfatizou a coordenadora.
Perspectivas – Durante a palestra no Simpósio, a secretária executiva da Susam explanou sobre as responsabilidades do Estado em relação aos doentes renais crônicos que engloba a terapia renal substitutiva – hemodiálise, hemodiálise peritoneal e o transplante renal – e o atendimento ambulatorial especializado em nefrologia, com consulta e acompanhamento dos pacientes.
Segundo os dados de maio de 2018 apresentados, o Amazonas faz uma média de 1.294 atendimentos/mês em nefrologia ambulatorial. Esses serviços de consulta e acompanhamento são fornecidos tanto no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) como na Policlínica Codajás.
A Susam pretende organizar o fluxo de atendimento dos pacientes renais crônicos com atenção especializada, onde haja atendimento diversificado desde o início dos sintomas. “A perspectiva é que nós venhamos a ter ambulatórios específicos para os renais crônicos. É claro que a doença renal possui muitas causas e a gente precisa ter um acompanhamento especial para o paciente renal e, por conta disso, nós queremos implementar uma atenção especializada”, disse a secretária.
O investimento em prevenção vai garantir menos investimento na terapia renal substitutiva e o paciente não vai precisar fazer hemodiálise e não vai precisar ser transplantado se for completamente cuidado. “Esse trabalho precisa ser conjunto com o município para que possamos ter êxito. Até porque vai competir ao município prevenir, cuidar das doenças básicas”, apontou.
Cenário – No panorama do Estado, há cinco clínicas prestando serviços de hemodiálise com um total de 1.141 vagas, conforme a secretária. O tratamento de hemodiálise também acontece nos Hospitais e Pronto Socorro 28 de Agosto, João Lúcio Platão Araújo, nos hospitais e prontos-socorros da Criança das zonas Sul, leste e oeste, no Instituto de Saúde da Criança do Amazonas (Icam), no Hospital Infantil Dr. Fajardo e no Hospital Universitário Francisca.
Vanessa Nascimento conta que já foram ampliadas 200 vagas de hemodiálise na Clínica Pronefro, que é pago pelo tesouro estadual, mas existe um pedido de regularização para que o Ministério da Saúde (MS) possa arcar com os custos. A proposta é também habilitar a Clínica CEHMO junto ao MS para receber recursos do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC). A clínica também oferece 200 vagas de hemodiálise. “Com isso, nós vamos poder receber o recurso federal e desonerar a fonte estadual para ampliação do sistema e melhora do atendimento, além de expansão dos serviços especializados que devem necessariamente ser custeados pelo Estado”, ressaltou.
A perspectiva favorável, segundo a secretária, é o retorno do atendimento no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e a habilitação do Hospital Beneficente Portuguesa junto ao MS para oferecer leitos ao Estado para atender os pacientes renais.